Duas voltas no campo demarcado, os sinais cruzados no chão das ruas sem esperarem. Os transeuntes é que esperam. Esperam chegar a um destino para esse dia, numa hora agendada com antecedência. Quem se perde já nas ruas? Enquanto vamos ali e já voltamos, a máscara continua a proteger o mimo de si próprio que, durante estes últimos tempos, desencadeou uma espécie de furor para salvar o corpo daqueles seres microscópicos que andam à solta. Parece a guerra dos mundos, de um tal Wells, mas não é… E o poema continua a sua fluição. Uma vaga desse sentir plasmado nas imagens, emergindo sentidos nas palavras, abrindo as nossas próximas criações de ajuntamento editorial.
Durante o ano passado partilhámos um livro no qual nos diluímos, ao escolher conjuntamente os textos, desencontrados e reencontrados por entre desenhos e goivas esculpindo no seio de uma planície pintada. Não muito longe do lugar do sonho, ou da visão, seguiu-se um aprofundar da relação que já outros livros prometiam, desafiando também o leitor a expor-se à única equação válida que uma narrativa gráfica contém. As páginas são pautas respirando floema dorsal, através da musicalidade permanente gerada no tempo/espaço silencioso a oferecer, e a receber, todas as expressões que a mão inteligente respira, depois de adormecida a voragem da percepção.
Se nos tem acompanhado perceberá que o nosso ranking é baixo. No entanto, preparamos dois novos títulos que sairão em breve, continuamente inspirados por esta passagem momentânea sem descurar a criação de outros autores, como os ambientes musicais de Brian Eno ou as paisagens de longa duração de Jon Hassel. Para não falar dos Inuit e da postura dos animais recriados pelo olhar do coração, vivendo nas pregas de uma luva, um cachimbo, canivetes que cortam o espaço à procura do tempo brilhando nas estrelas vastas.
Neste intervalo surgiu uma nova sequência a partir do livro Meteorologias. Está disponível na nossa página do facebook e chama-se Zoeiro Bambu. Não publicámos em 2020 mas os livros estão vivos na impermanência da qual participam, recriando-se, por vezes, ao habitar os próximos que estamos a fazer. Capas são montras e a exposição das caixinhas de luz aguardam por dias menos mascarados. Do floema cresceu um pequeno tronco. Um vagar de criação esculpindo formas em papel de cujo plano surgiu uma série de anotações, dando conta em imagens das heranças intuídas através da memória dos seis continentes que constituem este vertiginoso planeta. No final, voltamos sempre ao espaço que nos viu nascer.
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