Patente de 1 de Abril a 10 de Setembro, esta selecção de livros pode ser visitada na Sala de Leitura do Centro de Documentação e Investigação Mestre Rogério Ribeiro, na Casa da Cerca em Almada. Transcrevemos aqui o texto da Folha de Sala que acompanha esta mostra.
«A Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian iniciou a sua colecção de livros de artista na década de 1990. Em permanente crescimento, esta colecção conta actualmente com 2978 exemplares já referenciados no catálogo.
Nesta colecção, que inclui a chamada “edição independente” (por vezes a sua fronteira com o livro de artista é muito ténue), encontram-se tanto obras únicas como múltiplos, de formato e tamanho diversos: livros impressos em offset, impressão digital e caracteres móveis, e livros que são inteiramente produzidos manualmente ou nos quais o artista teve uma intervenção directa na sua impressão, com tiragens que tanto podem ser centenas de exemplares como de menos de uma dezena. As tiragens podem ainda ser especiais, acompanhados de desenhos e/ou pinturas originais, gravuras e/ou serigrafias. Existém também livros editados por pequenas editoras alternativas ao sistema comercial. Embora a colecção tenha um âmbito internacional, o maior número de exemplares é da autoria de artistas portugueses, ou estrangeiros residentes em Portugal, de gerações várias, e reflectem a criação artística nacional a partir da década de 1960.
Sendo parte significativa e vital da cena artística contemporânea, tem vindo a ganhar cada vez maior importância quer pelo formato, que permite abordagens plásticas mais livres e experimentais, quer por questões de acessibilidade, quer ainda porque oferecem uma experiência personalizada, permitindo formas diversas de leitura e fruição, experiências interactivas únicas, invulgares, multidimensionais e multissensoriais. Não são objectos passivos – requerem um envolvimento directo de quem os manuseia.
Os livros de artista envolvem frequentemente investigação em múltiplas áreas, sendo utilizados pelos artistas como campo exploratório de novas formas e de expansão dos limites do seu trabalho, reflectindo perspectivas diferenciadas na sua criação. Estes livros não são limitados pelos formatos editoriais tradicionais. Como resultado, os artistas podem experimentar livremente diferentes formas, estilos, técnicas, materiais. Entra aqui uma dimensão profundamente política de questionar o mercado da arte, as práticas institucionais e o próprio sistema de edição comercial.
Estas obras transcedem os limites da arte: esbatem as linhas entre as artes visuais e a literatura, e representam uma fascinante intersecção entre arte e edição. Combinam texto e imagem, proporcionando uma nova forma de experimentar a narrativa e o próprio objecto livro.»
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