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Posts Tagged ‘Livros’

“It was February 24, 2004, 08:27 AM, on the Comics journal Messboard.” This is the first phrase of my blog, The Crib Sheet. What happened at that particular day and particular hour was that I, fed up with the accusation of not liking comics, decided to write a list of my favorite ones. With that list my answer was: I like comics, I just don’t like the same comics you like. This is the genesis and explanation of this book’s subtitle, “My Comics”. On the other hand, if you insist that I don’t like comics because what’s in this book are not precisely cartoonists, don’t worry, I like them too, they’re just not here yet because I divided the comics corpus in two: The Extended Field and The Restrict Field. This book is, then, an anti-essentialist stance, a cry of freedom from India Ink on board, if you like…

Domingos Isabelinho was born in Lisbon in 1960. He contributed to several magazines, catalogs of comics conventions in Portugal and other international comic art editions. He was invited, also, to the seminar Aesthetics of Contemporary Comics in Oslo, Norway, 2012.

Published by Chili com Carne and Thisco. Lisbon, 2022.

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Boas festas. Subimos a única Lua. Esta é recortada em papel, um aparo preso a um fio de prumo de palavras que se acertam. Pulsar de recriação recebendo os gestos atentos de leitores improváveis.

Os olhos tocam as folhas temperadas pelas cores e os livros imaginados tomam a sua forma para habitar a casa dos outros.

Tempo sem pregas, sentir o caminho no canto possível de um novo ano: suspensa manhã sobreposta, a respiração nas voltas listradas de uma casca de caracol.

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Fotografia: Museu Bordalo Pinheiro

Agradecemos a todos os que estiveram presentes, assim como aqueles que, sabendo do evento, não puderam comparecer. Seja por razões de ordem particular ou por quaisquer outras. Na passada sexta feira, com a participação do escritor Alexandre Sarrazola, confluimos pelo diálogo em torno das edições Quarto de Jade, no Museu Bordalo Pinheiro, onde estamos a expor livros e originais até dia 7 de Janeiro.

Assumimos, nestes dez anos, os livros que fazemos como entidades organicamente coerentes ao se apresentarem na sua individualidade, aparentando-se não como sucedâneos mas vozes de um corpo comum. Um pouco como uma pequena floresta que se vai ordenando pelas suas características naturais, encontrando o seu equilíbrio. Por isso nunca partimos de uma estratégia editorial à priori ou de um modelo gráfico uniformizado. Para nós, cada livro obedece ao ritmo das suas particularidades temporais e processuais, para finalmente amadurecer e tomar forma ficando disponível aos seus leitores.

Ao longo deste tempo podemos reconhecer duas vertentes nos livros que publicamos: O livro como objecto e a narrativa gráfica como ensaio. Naturalmente, um livro por si só já é um objecto. No entanto, estes tomam uma forma particular no caso dos exemplares de Maria João Worm: nos três primeiros livros é pedido ao leitor que não se limite a ler mas que intervenha no livro gestualmente, abrindo-o, por exemplo, num desdobrável de folha única; noutro caso, em harmónio também podendo ser folheado ou o convite de transformar a publicação através de recorte, para dar forma a quatro cubos que se desdobram por três imagens, acompanhando o ritmo de um pequeno poema. Nos restantes, mesmo no caso da forma regular das páginas que se folheiam, os livros desta autora têm sempre uma intervenção original ou particular. Tanto no manuseamento táctil através da colagem de estampas, bem como por intervenções directas de monotipias ou pequenas ilustrações particularizando cada exemplar, dentro da tiragem dessa edição.

Fotografia: José Frade/EGEAC

Dentro desta linha, na qual cada livro que fazemos e publicamos tem a sua individualidade própria, o trabalho de Diniz Conefrey apresenta-se com frequência no campo da narrativa gráfica. Correntemente denominada por banda desenhada, desde sempre tivemos a impressão que esta linguagem pode ser tudo o que fizermos dela. Até porque a sua riqueza reside na circunstância de se tratar de uma forma de arte híbrida – balanceando entre os princípios da narrativa escrita e da narração visual – surgindo aos leitores com mais enfâse na simbiose entre ambas mas tendo como possibilidade linguística abordagens de maior ambiguidade estética.

Nesse sentido, procuramos na narratividade um contraponto ao modelo mais corrente, sujeito à “tirania da intriga”, ligado a uma estrutura próxima do romance: há um equilíbrio inicial, um incidente incitante que rompe esse equilíbrio, um conflito e, no final, o retomar de um novo equilíbrio. Se tivermos em conta que no universo musical, por exemplo no jazz moderno, um tema tem as suas ressonâncias próprias mesmo que não inclua “letras”, então, mesmo imagens que não sejam figurativas desencadeando uma dramaturgia sequencial poderão estar a confluir para uma diegese cuja matiz se desenvolve noutro campo mais próximo a uma meta-linguagem. Daí o interesse no abstraccionismo, enquanto expressão concreta de modulação narrativa, ou o diálogo desta com a figuração naturalista. Podendo apresentar-se, também, em complementariedade com a palavra escrita – ou não. Estas zonas levantam, quanto a nós, aspectos inerentes à narrativa gráfica mais próximas das nuances intimistas e temporais presentes em poemas que, ao não contar, se desenrolam como uma espiral em suspensão. Nesse sentido poderíamos dizer que um poema é uma imagem que fala, e uma imagem um poema silencioso.

Para nós um livro é uma expansão delicada, reflectindo um olhar de vivência por horas de trabalho solitário para finalmente tocar, através da partilha, quem o queira receber num espaço de encontro comum.

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A exposição que vamos apresentar no Museu Bordalo Pinheiro, com início a 13 de Outubro de 2021, insere-se no âmbito comemorativo dos dez anos de existência do selo editorial Quarto de Jade, complementando a exibição Entre Mundos, que decorreu entre Maio e Junho na Livraria-Galeria Tinta nos Nervos.

Se na primeira mostra, desta colaboração entre a Livraria e o Museu, a incidência foi no trabalho gráfico individual dos autores Maria João Worm e Diniz Conefrey, agora a exposição Ouvido Interno – orgão do qual resulta o logótipo da Quarto de Jade – circunscreve-se exclusivamente a originais ou livros que foram publicados na chancela editorial que ambos partilham.

Ficam desde já convidados a visitarem esta resenha da nossa deriva editorial. Em complemento, disponibilizamos o link para a exposição A Flor da Pele no nosso site: http://www.quartodejade.com/gallery_exhibitions.php?id_authors=1

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Hoje entrou na gráfica o novo livro sequencial de Maria João Worm. Deste tempo todo, já que as edições Quarto de Jade assinalam, desde Abril, dez anos de publicações, apresenta-se um novo título que deverá estar disponível em meados de Agosto.

«Se se acorda mais cedo que o dia, fica-se à espera do tempo. Cumprimentam-se os fantasmas já limpos do sangue e dos fluidos, como bebés que voltam para serem entregues às mães. Fino fio que nos cabe em revelação, onde avança sempre a construção do céu. Linhas de crochet que ancoram em velhas toalhas de mesa, algumas sem nódoas de sonhos, imaculadamente tristes.

Assim. Digo. Avança a vida.» https://mjworm.wordpress.com/

 

 

 

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A ideia estava instalada, desde alguns anos atrás. No entanto, foram necessários vários segmentos temporais até se tornar mais claro qual seria o tom, a têmpera da qual as linhas escritas vão delinear uma forma, partindo da substância poética electiva. O terreiro desfiando a singularidade das pequenas narrativas, aparentemente circunscritas ao seu modo particular. Em simultâneo, poderia entender-se o alcance contido nesses fragmentos, no sentido da recriação permanente de um espectro no qual se insere todo um destino comum.

Uma extensão fictícia de tempo, contida por um sulco no qual se ligam sucedâneos de articulações incertas. Talvez um modo em que matéria e pensamento despoletem sensibilidades, segundo uma narrativa circunscrita a um encontro – uma memória que se insinua por fragmentos. Delta de linhas, rasto de sons, pequenos gestos vibrando, meticulosamente, as reminiscências ao ritmo das palavras diluindo-se, no interior do seu sentido visual.

Ainda assim, para além deste trabalho, um novo livro a publicar brevemente.

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Em cada livro aberto

respira-se o presente

http://www.quartodejade.com/shop_books.php

Podemos aqui citar o comentário espirituoso de Italo Calvino, a quem uma mulher perguntou: «Desejaria que eu lesse nos seus livros somente aquilo de que você está convencido?»

«Respondi: “Não é isso. Dos leitores eu espero que leiam nos meus livros qualquer coisa que eu não soubesse; mas só posso esperar isto daqueles que esperam ler qualquer coisa que eles, por sua vez, não soubessem.”»

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Pedro Burgos e João Paulo Cotrim. Revista Le Cheval sans Tête, volume 5. Editions Amok, 1998.

Uma breve reflexão sobre a narrativa leva-nos ao ponto inicial, de uma certa clarificação, no sentido de estabelecer uma diferença entre a possibilidade, em aberto, que apresenta uma folha em branco e as características de fruição, perante os modelos demarcados por um mercado e sua relação com os géneros e a indústria. O suporte, neste caso a narrativa gráfica, conjura as possibilidades de uma linguagem onde se incluem vários níveis de segmentos em permuta, oscilando permanentemente entre o particular e o referencial.

Da virtude que podemos reconhecer, no seio das narrativas mitológicas, será a de um corpo social interligado, existencialmente, através do imaginário; da fabulação complementada pelo entorno geográfico e sem a necessidade de constatação porque, entre outros factores, não depende da individuação. Poderá dizer-se que, o mito, enquanto verdade absoluta, trata de uma narrativa que se reflecte, posteriormente, em todas as formas de arte características de cada cultura. Apesar desta constatação de um saber pré-conceptual ser muito distinto do nosso mundo actual, já fragmentado e, simultaneamente, dependente de todas as graduações – evolutivas ou involutivas – que contém a deriva civilizacional; é a expressão dessa natureza profundamente criativa – e o simulacro pelo qual se consegue visualizar aquilo que é da ordem do não dizível ou subliminar – que nos aproxima em torno de um conhecimento reconhecível.

Diria que, em relação à narrativa gráfica, estamos perante uma circunscrição de margens poéticas na qual a subjectividade interroga e, paralelamente, se exprime objectivamente através de uma necessidade interior visando reconhecer o essencial. Este essencial, no entanto, não depende apenas da determinação imposta pelos processos conjunturais, sendo, no seu amâgo, um reflexo de capacidades semânticas pela qual a polifonia dos sentidos poderá encontrar a sua tonalidade exterior. Nesse sentido, uma cultura multidisciplinar introduz uma perspectiva relevante, tanto ao fazer eclodir o potencial sintáctico cristalizado nas abordagens de variações formais, como no reconhecimento da riqueza expressiva, subjacente a um suporte essencialmente sequencial. Uma narrativa pode ser independente de uma história – esta enquanto dramatização de uma conjectura. Ou seja, pode existir numa grelha de percepções sem estar dependente de uma formulação literária que, sendo lícita, não é exclusiva; estando esta matiz ligada a uma estrutura mais próxima do romance:

1-O Cenário, onde as personagens se apresentam no espaço/tempo, introduzindo a tensão narrativa na qual vão actuar a partir de um incidente que perturba a ideia de um “equilíbrio” inícial.

2-O Enredo, como expressão de uma dramaturgia, criando a sucessão mais longa da narrativa, ao desenvolver uma dinâmica conflituosa entre os sujeitos interactivos – cujo desfecho encerra o momento final:

3- A Resolução, cujo contraste marca a memória, podendo haver uma epifania – seguramente o retomar de um equilíbrio distinto do inicial.

Susa Monteiro. Revista Venham +5, número 5. Bedeteca de Beja, 2008.

Apesar deste aspecto narrativo comum, o plano existe antes da forma, ou seja, a matriz sequencial pode existir autónoma dos aspectos de casualidade, no sentido em que a consciência também se encontra abrangida por leis de probabilidades na qual as aproximações se dão por saltos e não por aproximação. Na poesia a dramaturgia flui ao longo de uma espiral rítmica, e a sucessão de acções diluem-se para dar lugar a uma sintaxe que perscruta o essencial das formas e dos sentidos. Continuamos no plano da linguagem, da sequencialidade, mas, deste modo, a permuta narrativa encadeia-se através de momentos em série – onde as imagens (visuais ou escritas) se articulam em torno de sinapses evocativas, sem serem subservientes à lógica da intriga ou da acção – menos ainda de um final conclusivo. O espectável é suspenso por uma formulação indirecta, onde o silêncio das contemplações interiores concorre – com o sujeito ou tema – para tornar audível uma ressonância de conteúdos que, naturalmente, podem ser diversos – dependendo mais do tom do que das circunstâncias.

De certa maneira existe uma proximidade narrativa nestas abordagens, porém sem serem idênticas, ao concorrerem no sentido de um vislumbre comum. Na arte moderna, o abstraccionismo permitiu ultrapassar a fronteira plástica da descrição, impressão e expressão, ao emancipar as formas das suas possíveis contenções líricas. Nomeadamente a escultura, antes circunscrita a uma relação de volumes sempre dependentes de uma expressão compacta, abrindo, através do abstracto, para dinâmicas que permitiram leveza e novos registos de composição (a linha passa a ter uma dimensão escultórica – a escultura deixa de representar a forma natural), algo completamente impossível no patamar anterior. A simbiose de uma consciência imaterial tornou, assim, plásticamente possível uma percepção de volumetrias musicais, do mesmo modo que poderíamos considerar a música como sendo uma arquitectura líquida. Estas correspondências, mesmo que num plano aparentemente exterior à banda desenhada, debruçam-se sobre um mesmo carácter de transposições, envolvendo várias dimensões de relacionamento entre tempo e espaço que podem concorrer, também, no plano de uma expressão sequencial.

Cátia Serrão. Bande Dessinée et Abstraction, volume 2. Presses Universitaires de Liège/Collection ACME, 2019.

A banda desenhada abstracta não é fruto de um experimentalismo, sendo apenas a constatação de uma interdependência na qual todas as linguagens se encontram para além das especificidades de cada época e, simultaneamente, como resultado delas. Dentro do campo particular da narrativa gráfica, o abstracto não deixa de corresponder ao princípio da solidariedade icónica, tal como é identificada por Thierry Groensteen no seu livro «Systéme de la bande dessinée» (Paris, Presses Universitaires de France, col. Formas semióticas, 2011) – a montagem, a paginação e o traçado. No entanto, a sua dinâmica sequencial solicita a participação do leitor a um nível semântico de maior subtileza. O plano axiomático das formas traduzem sensações que tanto se podem relacionar por sequências, séries ou infra-narrativas. Neste aspecto, parece-nos que o referencial do leitor é subtraído, nas suas características mais correntes (e literárias) – como a identificação ou a modelação dos sentidos vinculados ao texto – para um grau de silenciamento onde a interpretação reverbera num plano íntimo, no qual tempo e espaço operam uma fusão, emancipando-se de uma postura cognitiva. Apenas uma musicalidade de silêncios, ou, formalmente, como um trecho musical onde apenas o som participa. Sem a necessidade de uma voz narrativa, emprestando sentidos à canção; assumindo os instrumentos as suas modulações através de uma composição fluindo.

A banda desenhada inclui um processo de relacionamentos narrativos onde coexistem vários aspectos, interiores e exteriores à sua prática corrente. Uma folha em branco apresenta um vazio, um oceano de possibilidades com as suas marés fazendo levantar ondas amenas ou grandes tempestades. Todas essas disposições têm a sua expressão, ao tornarem visível, através de uma diferenciação o que parecia estar ausente – mantendo livre e aberto o ritmo de uma arte que navega para reconhecer o mais profundo daquilo que é.

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Duas voltas no campo demarcado, os sinais cruzados no chão das ruas sem esperarem. Os transeuntes é que esperam. Esperam chegar a um destino para esse dia, numa hora agendada com antecedência. Quem se perde já nas ruas? Enquanto vamos ali e já voltamos, a máscara continua a proteger o mimo de si próprio que, durante estes últimos tempos, desencadeou uma espécie de furor para salvar o corpo daqueles seres microscópicos que andam à solta. Parece a guerra dos mundos, de um tal Wells, mas não é… E o poema continua a sua fluição. Uma vaga desse sentir plasmado nas imagens, emergindo sentidos nas palavras, abrindo as nossas próximas criações de ajuntamento editorial.

Memória – Planície Pintada

Durante o ano passado partilhámos um livro no qual nos diluímos, ao escolher conjuntamente os textos, desencontrados e reencontrados por entre desenhos e goivas esculpindo no seio de uma planície pintada. Não muito longe do lugar do sonho, ou da visão, seguiu-se um aprofundar da relação que já outros livros prometiam, desafiando também o leitor a expor-se à única equação válida que uma narrativa gráfica contém. As páginas são pautas respirando floema dorsal, através da musicalidade permanente gerada no tempo/espaço silencioso a oferecer, e a receber, todas as expressões que a mão inteligente respira, depois de adormecida a voragem da percepção.

Esboço para um novo livro

Se nos tem acompanhado perceberá que o nosso ranking é baixo. No entanto, preparamos dois novos títulos que sairão em breve, continuamente inspirados por esta passagem momentânea sem descurar a criação de outros autores, como os ambientes musicais de Brian Eno ou as paisagens de longa duração de Jon Hassel. Para não falar dos Inuit e da postura dos animais recriados pelo olhar do coração, vivendo nas pregas de uma luva, um cachimbo, canivetes que cortam o espaço à procura do tempo brilhando nas estrelas vastas.

Zoeiro Bambu

Neste intervalo surgiu uma nova sequência a partir do livro Meteorologias. Está disponível na nossa página do facebook e chama-se Zoeiro Bambu. Não publicámos em 2020 mas os livros estão vivos na impermanência da qual participam, recriando-se, por vezes, ao habitar os próximos que estamos a fazer. Capas são montras e a exposição das caixinhas de luz aguardam por dias menos mascarados. Do floema cresceu um pequeno tronco. Um vagar de criação esculpindo formas em papel de cujo plano surgiu uma série de anotações, dando conta em imagens das heranças intuídas através da memória dos seis continentes que constituem este vertiginoso planeta. No final, voltamos sempre ao espaço que nos viu nascer.

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BROKEN MUSE

Entre as salas vazias, duas asas para a «Broken Muse», «Hell» e «Grief». Mas aqui a memória não é arqueologia.

Depois da edição do livro seminal «Biblioteca dos Rapazes» (Pianola Edições, 2012), os poemas visuais de Rui Pires Cabral transpareceram numa série de publicações onde o universo lírico deste autor se reinventa permanentemente. Ao descer fundo nas melodias secretas que escrutina, num sentir provocativo e reflexivo, de poemas que se complementam visualmente; as suas coreografias ambientais traduzem e aproximam o leitor de uma dimensão semiótica da intimidade que apenas raros poetas conseguem, mesmo através do uso exclusivo da palavra.

«Drawing Rooms», editado em Junho deste ano pela chancela da não (edições), organiza-se em quatro momentos assinalados: «Songs», «Ghots», «Heartaches» e «Mysteries» que desenvolvem um arco consistente cujo palco ecoava já em «Elsewhere/Alhures» (publicado pela mesma editora em 2015) encontrando agora toda uma margem sintética, sem a presença de qualquer poema nos quatro enunciados, onde cada imagem é simplesmente acompanhada por uma legenda, surgindo um «Afterword» no final das 53 páginas que compõem esta edição.

 

 

Livro inóspito, que formalmente adquire uma amplitude sequencial, ao congregar a claustrofobia de um palco encerrado no interior circunscrito de paredes. Individualismo retido nas veias das suas próprias evocações, abre, no entanto, ressonâncias plurais. Sobretudo quando flui por uma revigoração silenciosa, de que os modos apenas são emprestados; despindo e expondo, de forma súbtil, o encontro das harmonias que juntam o livro às visitas interrogativas dos seus atentos leitores.

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