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Archive for the ‘Edições Quarto de Jade’ Category

«O Mundo Circular de Marina é um desafio, quer para os leitores mais novos, a quem aparentemente se dirige, quer para os mais experimentados. Ser desafio não é coisa má, entenda-se. Com texto de Cristina Guillermo, ilustrações de Diniz Conefrey e paginação de Maria João Worm, o mais recente livro do catálogo do Quarto de Jade pede atenção aos detalhes, mas sobretudo à estrutura. A história acompanha os pensamentos de uma rapariga, Marina, e as descobertas que vai fazendo sobre a vida – a sua e a de tudo quanto a rodeia – através da observação do mundo. Também ela se foca nos detalhes, deixando o pensamento abrir a visão: «Ela sabe que tudo se move; mesmo quando pensa, quieta na sua cadeira, ela desloca-se na perpétua dança do planeta. Mas disso não sabe o seu pequeno irmão, que corre por toda a casa.» Esta dança do planeta que se conta em palavras tem o seu contraponto nas imagens criadas por Conefrey, onde se reconhecem iconografias indígenas de certas geografias, particularmente as americanas, e por onde desfila a constante renovação da natureza, esboços de cosmogonias, uma hipótese de junção entre olhar e sonho. Com o livro a estruturar-se verticalmente, obrigando à rotação das páginas e do seu sentido habitual de leitura, texto e imagens vão-se lendo de cima para baixo, convidado à formação de uma sequência que imaginamos contínua, como se todo o livro fosse uma tira vertical onde a história vai sendo contada. Seguindo as reflexões de Marina, é bem possível que essa tira passe de vertical a infinita, o seu suposto fim a tocar no início e a retomar a narrativa, acrescentando novos detalhes a cada visita do olhar».

Sara Figueiredo Costa
(20 Abril 2023)

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Sendo a décima sexta publicação efectuada pelas edições Quarto de Jade, este livro cruza-se no tempo com outro título desta chancela, nomeadamente aquando do desenvolvimento do livro Nagual que viu a sua génese na Cidade do México em 2007. Nessa altura, Diniz Conefrey conheceu a escritora e poeta Cristina Guillermo tendo esta partilhado com ele alguns dos seus contos para os mais novos. Destes contos, destacou-se particularmente O mundo circular de Marina como um projecto a ter a sua concretização em forma de livro ilustrado. Mais tarde, em Lisboa, o ilustrador sugeriu a Maria João Worm que delineasse uma paginação de base, que tivesse um carácter compositivo, sobre a qual as imagens deste livro fossem realizadas. Desta forma surgiram as ilustrações, cujas pranchas originais tiveram a sua conclusão no México D.F., entre 2014 e 2015, no âmbito de uma bolsa concedida pela Secretaria de Relações Exteriores do Estado Mexicano.

O mundo circular de Marina apresenta a narrativa de uma menina que tenta compreender a perpetuidade do mundo através de uma espiral onde nada se detém. O pensamento de Marina e das crianças, antes de criarem raízes socioculturais, não tem localidade. Tendo em conta este sentir, no qual a afinidade se conjuga naturalmente, sem constrangimentos, ligámos geografias. Demos espaço ao tempo para ser possível o encontro entre passado e presente. Nesse sentido, a linha gráfica das ilustrações complementam o texto através da escolha de uma linguagem visual sem carácter descritivo. Foi encontrada essa expressão através dos códigos e composições visuais de etnias indígenas – tanto da arte do passado como de artistas do presente – características da costa do Pacífico, no actual estado de Washington, dos Estados Unidos da América.

Encostando o ouvido, há quem ouça o mar dentro de um búzio. Essa casca – casa espiralada – teve um molusco que a habitou. Desapareceu mas o espaço onde existiu mantem-se. Haverá outro ser que indique, de um modo tão claro, uma permanência de parte de si numa forma propícia a um espaço aberto à revisitação?

Este livro, numa tiragem de 60 exemplares numerados, está disponível na Loja Quarto de Jade: http://www.quartodejade.com/shop_books.php

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Enquanto prepara um novo livro de narrativa gráfica, a ser publicado este ano, transcrevemos uma parte da recensão de João Ramalho Santos ao livro Tu és os meus olhos, de Maria João Worm. Esta resenha foi publicada, originalmente, no Jornal de Letras, em Dezembro de 2021.

«O projecto editorial Quarto de Jade, de Maria João Worm e Diniz Conefrey, fez recentemente 10 anos de edições de qualidade, surpreendentes e inclassificáveis. A mais recente é Tu és os meus olhos, uma magnética obra em registo aparente de livro infantil, mas na qual Maria João Worm tece uma elaborada viagem iniciática (narrativa e de pesquisa gráfica), que oscila entre o mitológico e o pessoal, com toques simbólicos e surrealistas. Para o poder hipnótico do livro muito contribuem duas estratégias. Por um lado, a reinvenção constante de formas, quer citadas e metamorfoseadas em contextos diversos (mãos, diferentes objectos, colunas que podem ser de fumo, vento ou pensamento), quer reconstruídas utilizando diferentes componentes. Por outro, o uso de cores e espaço/fundo em branco (ou negro), nas quais as ilustrações parecem flutuar, ganhando uma qualidade simultaneamente frágil, diáfana e monumental, por vezes completando-se com o fundo, numa ilustração feita também de ausência.»

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«Pouco a pouco vai anoitecendo, ouve-se o canto repetitivo dos insectos nocturnos e Marina, em cada salto, vai-se misturando um pouco mais com a terra, com o mesmo ritmo.»

O que distingue um livro ilustrado de um livro de banda desenhada? De que se trata quando nos referimos a um livro infantil? Qual a diferença entre o género alternativo e o comercial? Por serem relativas todas essas questões, continuamos a acreditar em livros de narrativa gráfica onde os leitores de diferentes idades possam criar laços de proximidade. Em mãos um novo livro que as edições Quarto de Jade preparam para ser publicado durante o próximo mês de Março. Do qual se dizia, quando o mês era áspero: Março Marçagão, de manhã inverno à tarde verão.

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Um livro é uma expansão delicada, reflectindo uma vivência para tocar quem o queira receber num espaço de encontro comum. Além do nosso site, os livros mais recentes que editamos podem ser encontrados nas seguintes livrarias:

Almedina – Lisboa e Coimbra

Baobá – Lisboa

BD Mania – Lisboa

Centésima Página – Braga

Dr Kartoon – Coimbra

Fnac – Várias

Kingpin Books – Lisboa

Ler Devagar – Lisboa

Stet – Lisboa

Tinta nos Nervos – Lisboa


					

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Foi com agrado que lemos na mais recente edição do JL, de 16 a 29 Novembro, uma recensão de João Ramalho Santos sobre o livro «Área», de Diniz Conefrey, da qual deixamos uma breve passagem:
«Com a sua tiragem microscópica e detalhado trabalho editorial, este é uma impressionante obra de autor, que, no entanto, nada tem do tom de satisfação autorreferencial que essa designação tende a implicar. «Área» é um livro multifacetado, cujos vários universos se metamorfoseiam, cujas camadas se vão revelando e interpenetrando em múltiplas leituras…»

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No fim-de-semana de 15 e 16 de outubro, entre as 11h00 e as 18h00, o Museu Bordalo Pinheiro recebe mais uma edição do Mercado de Ilustração e BD, que desta vez reúne cerca de vinte expositores, realiza vários lançamentos e conversas, organiza oficinas de ilustração e BD para todas as idades e apresenta ainda uma pequena mostra de filmes de animação.

Participantes: AguçaAvesso & TRavessoChili Com Carne • Revista dose • Ediciones Modernas El EmbudoErva Daninha Press (sábado) • Estúdio BulhufasFiascoGalhoIt’s a Book (domingo) • La LecheLegendary BooksMAGO studio • Massacre (sábado) • Oficina LobaPprviewPIM ediçõesPlaneta TangerinaPonto de FugaQuarto de JadeStolen BooksTASCO/Vicara Design • The Lisbon StudioEditorial Project (VIRA)

PROGRAMA

Sábado, 15 OUT
11h00: Workshop de BD com Filipe Abranches, à volta do imaginário de Bordalo Pinheiro
15h00: Workshop de Cartazes Ilustrados com Mantraste15h00: Apresentação da Coleção e Biblioteca Online do Museu Bordalo Pinheiro
16h00: Lançamento da revista finlandesa Kutikuti (nº 65, edição especial dedicada à BD portuguesa contemporânea)
16h30: Oficina de ilustração “Envio postal”, com Inês Viegas Oliveira
17h00: Conversa com Pedro Vieira de Moura e Marcos Farrajota

Domingo, 16 OUT
11h00: Oficina “Livro Mutante”, com Carolina Celas
15h00: Conversa “Área – Raízes e sinapses”, com Diniz Conefrey e Maria João Worm (Quarto de Jade)
16h00: Mostra de Curtas de Animação (com filmes de André Ruivo, Catarina Sobral e Henrique de Abreu Gouveia)
17h00: Apresentação sobre as Ediciones Modernas El Embudo, com Gustavo Puerta Leisse
ENTRADA GRATUITA

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Agradecemos  a todas e todos aqueles que estiveram no passado dia 20, na esplanada da livraria Tinta nos Nervos, para  partilhar connosco uma conversa em torno do livro mais recente das edições Quarto de Jade. Nesta fase, temos contemplado tiragens mais reduzidas e, consequentemente, um preço de capa mais elevado. Mas o cuidado que colocamos em cada edição é agora redobrado, apresentando-se esta forma como sendo a mais consentânea entre as nossas propostas narrativas e os leitores interessados em lhes conferir um apreço de sustentabilidade. Deixamos aqui uma breve recensão, pela voz de Pedro Moura, para que possam conhecer melhor este livro – disponível nas livrarias ou através da loja do nosso site.

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Seguindo uma modulação através de uma história que se passa no futuro, este livro toma como corpo a possibilidade de se abrir através de uma linguagem narrativa cuja montagem se baseia, essencialmente, na convergência de outros livros, de autorias diversas, recriando um espectro no qual a sucessão flui como um pensamento, despoletando memórias.

Em simultâneo, as memórias anteriores fazem parte desta nova respiração: raízes e sinapses convergem num ritmo onde a fixação das palavras se faz no interior do seu sentido visual.

Da autoria de Diniz Conefrey e publicado em Julho de 2022, com uma tiragem de sessenta exemplares, encontra-se disponível para venda através do site Quarto de Jade:

http://www.quartodejade.com/shop_books.php

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naquela placa sidérica, azul e inclinada de adrego para a delida vara do anteparo liberta já da onomástica de todas as cores da atonal verborreia de Scriabin – ou de sua tastiera per luce – e daquela obstinada voragem dos sais dos negativos sobre vidro – daqueloutros que sobreviveram entre o abismo dos suicidários marinheiros de Gosport e do mecânico avanço dos ferries para Wightlink: espalhada sobre o zinco numa vaga ideia de mar enferma da dor fantasma do coto do antebraço amputado em Indocuche:

 

muito vale adentro, para nordeste, na nonagésima carga de napalm antes da GBU-43 agora num tempo só nosso – o da Arte da Fuga de um canadiano demente – súbdito ainda da Imperatriz da Índia e debruçado numa partitura eivada de laivos sanguíneos furtados dos olhos raiados sobre o plasma vitrificado (e sua tão acerada opacidade) pela destreza de mãos de Julia Margaret Cameron iluminando Sir John Herschel depois de baptizar 4 luas de Urânio e 7 de Saturno no Cabo da Boa Esperança antes de 1847; no atlas, sob nuca, já uma dor persistente – Margaret aguando o cabelo de prata – anunciando do seu canapé que talvez estivesse (mais uma vez) para acabar o Mundo

 

Alexandre Sarrazola.

Afluentes de Adobe, edições Quarto de Jade, 2018.

 

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