Thangka ou “aquilo que se desenrola”, em tibetano clássico, são imagens budistas do Tibete, pintadas em algodão ou linho, representando uma divindade budista, um cenário ou uma mandala. As thangkas tradicionalmente permanecem conservadas sem moldura, ficando enroladas quando não são exibidas. A maioria destas pinturas é relativamente pequena, apresentando-se como um rolo orientado verticalmente, no entanto algumas podem ser extremamente grandes. Essas foram criadas para serem exibidas, por períodos breves, nas paredes externas de mosteiros como parte de festivais religiosos. A maioria das thangkas destinava-se à meditação pessoal ou à instrução de estudantes monásticos, dentro da linha do budismo Vajrayana – que se caracteriza pela inclusão da tradição espiritual Bön – religião não organizada de características shamanicas, anterior à difusão do budismo no Tibete.
Geralmente, as thangkas apresentam composições muito elaboradas. Uma divindade central é frequentemente ladeada por outras figuras, sendo estas identificadas através de uma composição simétrica. Outro tema deste estilo de pintura são as mandalas, cuja apresentação cromática varia muito dentro de um padrão desenhado mais ou menos comum; para além destes temas também existem representações na forma de sequencias narrativas. Estas pinturas servem como ferramentas importantes de ensino que descrevem a vida de Buda, vários Lamas e linhagens influentes, além de divindades e bodisatvas. Um dos temas recorrentes é a «Roda da vida» – Bhavachakra – que é uma representação visual dos ensinamentos do Abidharma (Arte da Iluminação). Actualmente, as reproduções impressas de thangkas em tamanho poster são, geralmente, usadas para fins devocionais e decorativos. Muitas das pinturas thangkas faziam parte de séries, embora tenham sido separadas posteriormente.
Num breve resumo, as pinturas thangkas em tecido, provenientes do próprio Tibete, começaram a ser executadas no século XI. As composições típicas mostram uma figura central, ladeada por outras mais pequenas, com frequência inseridas em compartimentos delineados ou cercados por halos flamejantes; noutros casos também surgem sentados em pequenas nuvens. Por detrás dessas figuras vislumbra-se um fundo de paisagem que inclui uma vasta área de céu. A figura central pode ser uma divindade, um arhat ou um monge importante. Algumas das entidades representadas podem ser diferentes “aspectos” ou reencarnações umas das outras, de acordo com a teologia budista tibetana. As pinturas thangka incorporam muitos elementos da pintura Han chinesa, particularmente a partir do século XIV, alcançando esta característica o seu pináculo no século XVIII. Um dos aspectos desta influência foi a de trazer mais espaço e ênfase à paisagem que constitui os fundos. No entanto, de uma forma geral, o estilo de representação das figuras mantém a sua origem na tradição Indo-Nepalesa.
Durante o reino de Trisong Duetsen, no século VIII, os mestres tibetanos refinaram as artes através de pesquisas e estudo de diferentes países e tradições. Todos os canônes da pintura thangka são maioritariamente baseados em estilos indianos. O desenho de figuras é baseado no estilo nepalês e os cenários de fundo são baseados no estilo chinês. Desta forma as pinturas thangka tornaram-se numa arte única e distinta. Apesar da pintura thangka ser realizada, originalmente, como um meio de ganhar mérito, tornou-se também, actualmente, comercial fora da comunidade tibetana.
As thangkas foram pintadas em todas as áreas onde floresceu o budismo tibetano, incluindo a Mongólia, Ladakh, Sikkim e partes dos Himalaias indianos – em Arunachal Pradesh, Dharamshala e no distrito de Lahaul e Spiti no Himachal Pradesh. Este estilo de pintura também é praticada em algumas zonas da Russia (Kalmykia, Buryatia e Tuva), além do Noroeste da China. Os tibetanos têm pudor em vender thangkas ou outros artefactos religiosos a uma larga escala, dessa forma outras origens monopolizaram o comércio destas imagens, sobretudo destinadas a budistas e entusiastas de arte com origem no Ocidente.