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Posts Tagged ‘Viagens’

INDIA – WHO’S TO KNOW

Remembering some moments of the voyage to the most relevant places of the Buda’s path, in India, which took place in October 2022, and was happily shared with an heterogenic and dedicated sangha.

All around the road we saw motorcycle princesses going on their way.

-What’s your name?

-Dennis.

-Where you come from?

-Portugal, southern Europe…

-There are many things to see here!

-We going north, to meet Buda places.

We saw sacred cows at Sanjay colony, a shanty town build by the population in the surroundings of New Delhi.

-My name is Naresh, the guide that leads you into this place.

-Can we take pictures?

-No, here is not permitted.

-Why not?

-This is not a tourist place, we must respect the dwellers.

(The streets were full of people and the smell was overwhelming).

Very often boys walk together with one hand leaning on the shoulder of the other. Or even holding hands can be a sign of their friendship.

-Do you have Camel cigarettes?

-No, only Marlboro…

-Let’s try another place.

-Never mind, I will try tomorrow morning.

-Give me your hand, so you don’t get lost.

(The streets in Varanasi were chaotic, with too many traffic and people moving around).

It was hot and the Ashoka Pilar stand with a smiling lion on is top. Here was accepted the inclusion of nuns in the Buda’s sangha, a poor region as Sanjay that we saw in Delhi, where the cast system is not relevant.

-This is the World Peace Stupa.

-Why it as also statues of the smiling lion?

-Because the Ashoka reign was the golden age of budism in India.

-But this is a Japanese stupa, right?

-Yes, it was built in the sixties, as a memorial of Japan atomic bombing.

(We look at the standing white pagoda rising the intention that similar wars won’t ever happen again in the world).

We were travelling further north when I felt involved by the sound of a Raga played by Shankar in is double violin.

It look like it was coming from the trees and mountains, as well from the heated mist elevating from the ground. And it seems that the pace of the bus carrying us was a tabla performing our hearts throughout an endless floating road.

https://www.youtube.com/watch?v=xrGJdoTNbSs

Above New Dehli’s Central Park several eagles were flying in large circles. We had already seen a considerable amount of monkeys in the garden of the hotel and its surroundings.

-Have you just seen it, there’s a lot of small squirrels in the trees.

-Last night I saw huge bats flying low, near the market.

-There are many street dogs sleeping on the ground or just wandering quietly.

-Just like the goats in the country villages.

-There are not only cows rooming everywhere.

(At Lodi Park a great number of geese stroll together near the lake in a loud array of acute sound).

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Boas festas. Subimos a única Lua. Esta é recortada em papel, um aparo preso a um fio de prumo de palavras que se acertam. Pulsar de recriação recebendo os gestos atentos de leitores improváveis.

Os olhos tocam as folhas temperadas pelas cores e os livros imaginados tomam a sua forma para habitar a casa dos outros.

Tempo sem pregas, sentir o caminho no canto possível de um novo ano: suspensa manhã sobreposta, a respiração nas voltas listradas de uma casca de caracol.

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THESE TIMES…

No passado dia 26 de Junho morreu o trompetista e compositor Jon Hassell, aos 84 anos.

Sopro longo, música do quarto mundo que assim apresentou:

«Uma espécie de linha filosófica, uma postura criativa, dirigida para as condições criadas pela intersecção da tecnologia com a música e cultura indígenas.
O objectivo subjacente é o de providenciar uma espécie de obstetrícia para a fusão inevitável de culturas e, simultaneamente, apresentar um antídoto para a “monocultura” global, criada pela colonização dos media.
O pressuposto é o de que cada cultura e música dos povos indígenas – resultado da sua resposta única ao seu meio ambiente original – funciona da mesma forma que um “elemento” na tabela periodica da química: como blocos puros de construção dos quais todos os outros compostos “culturais” irão emergir.
Por outras palavras, essas culturas são o nosso “vocabulário” na tentativa de pensar em formas para responder às questões sobre o espaço da nova geografia, criada pela sociedade global dos media, devendo por isso ser respeitadas pela importância que têm para a nossa sobrevivência.»

Do albúm The Surgeon of the Nightsky Restores Dead Things by the Power of Sound (1992) o tema Hamburg: https://www.youtube.com/watch?v=qmxqeJOJ7FQ

Desenho © Diniz Conefrey

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Uma série de ilustrações que sugerem uma síntese do que poderão ser as heranças culturais (anteriores ao antropocénico) que se salientam dos seis continentes terrestres. Quanto à modernidade, ela apenas é contemplada através da Antártida, já que a sua colonização ocorre num período mais recente. As escolhas geográficas não tiveram em conta a possibilidade de subdivisões, evitando assim desdobramentos, possíveis mas que aqui não foram contemplados. Também a tónica saliente para cada uma destas proposições é discutível, como seria natural, dependendo de uma apreciação que tenta colocar o foco numa identidade humana pré-tecnológica.

EUROPA – Luta greco-romana

Uma recriação vinda da antiguidade e, ao que parece, também os soldados de Napoleão praticavam esta modalidade olímpica; já sem estarem nus, barrados de azeite e cobertos de areia. Um wrestling, talvez um “pas de deux”, para imobilizar os ombros do adversário e aceder à sua pronta rendição.

ÁSIA – Meditação

Segundo uma perspectiva terapêutica, a exposição de Quatro Nobres Verdades: 1- Reconhecimento de que todas as experiências condicionadas implicam apego e aversão, causa do sofrimento. 2 – A causa consiste no desconhecimento da natureza da mente e do seu entorno, que leva à separação e dualidade entre o suposto eu e o mundo. 3 – O remédio consiste no nirvana, ou cessação do sofrimento por abolição das suas causas. 4 – A aplicação consiste numa ética em não prejudicar nenhum ser senciente, meditação e sabedoria no conhecimento directo da vacuidade e sacralidade de todos os fenómenos da vida.

ÁFRICA – Ritmo e tradição oral

Cores vivas e grandes contrastes reluzindo os corpos em movimento de músicas, nostálgicas ou felizes, que do continente saíram para o resto do mundo. Um sentir enraizado no coração do povo, nas mentes sem fundador a crença de um ser supremo apenas vivendo do calor que a terra abraçou.

AMÉRICA – Reciprocidade e ecologia

Das sociedades simples ás mais complexas, o valor dos excedentes como forma de manutenção dos equilíbrios sociais e um diálogo com a natureza antes de qualquer outro pensamento. Uma postura que se mantém numa vivência integra, da memória persistindo aos apelos da modernidade.

OCEANIA – Terra dos sonhos e navegação

Ao escutarem as mãos ouviram da montanha dizer um tempo maior que sonha dentro do breve quotidiano: tatuagens ferozes. Navegadores do maior oceano da terra, apenas usando o mapa das estrelas, diagramas de madeira e fibra de coco, chegaram a todas as ilhas, sabendo da suavidade ao deslizar pelas ondas nas enseadas limpas.

ANTÁRTIDA

Das roupagens brancas de um clima extremado onde pulsam anémonas, estrelas-do-mar. Aqui sentem os pinguins, as baleias e as focas tocadas pelo frio intenso; amplo vôo dos albatrozes a circundar o litoral. Ao contrário do que dizem não é um continente desabitado, apenas não tem nenhum governo, não pertence a nenhum país. Continente politicamente neutro, apenas a liberdade de uma comunidade científica, impondo os ventos glaciares uma estreita cooperação internacional.

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DA ESCRITA (FRAGMENTOS) 2

Segunda parte do texto, publicado na revista el poeta y su trabajo (Inverno de 2009), da autoria de Olvido García Valdés. Poeta, ensaísta e tradutora espanhola que nasceu em Santianes de Pravia (Asturias) em 1950.

Arshile Gorky. Good Hope Road II. Pastoral, 1945.

O poema, como paisagem, é um lugar onde nos é permitido falar com os mortos; também aí nos é permitido sentir a dor. Ambos se enredam de duração, o tempo ensimesmado na contemplação da coisa perdida. Assim caracterizava Benjamim em luto. (No que consiste a emoção, mostra-nos, por vezes, a falta de emoção. Quando ao ouvir ou ler uma frase sentimos que lhe falta emoção, percebemos que essa ausência tem que ver com algo relacionado com o tempo; a falta de emoção segue entrelaçada por alguma falha, ou claridade excessiva, no sentimento do tempo; como se a morte não tivesse impresso a sua marca.)

O poema não surge da mão da vontade ou da consciência, toma o seu tempo, espera, aparece ou não aparece, flui através da periferia, a periferia conforma aquilo que é central. Nessa fase, o trabalho é subterrâneo, algo de inconsciente ou pré-consciente coalhando, ocurrendo não quando se quer mas quando ele quer. Por exemplo, durante muito tempo soube que para a caça nocturna faltava-me um poema que respondesse ao que eu chamava de pastoral (Pastoral era também o título de um quadro de Arshile Gorky); esse poema tinha que ver com uma certa memória da minha infância, porém não soube escrevêlo até que se coagolou na forma de um sonho.

Numa entrevista, Garry Snyder referia-se à meditação com estas palavras: “De facto, como sabe, qualquer um que tenha praticado suficientemente a meditação, aquilo a que se aponta não é nunca o que se alcança. Aquilo a que se aponta não é, curiosamente, o que se obtém; a vontade consciente não pode alcançá-lo. Há que praticar uma espécie de distracção cuidadosa, no entanto relachada, que permite ao incosciente fazer o seu próprio trabalho de ascensão e manifestação. Porém, no momento em que alguém, alerta, se dispõe a apressálo, escapa-se, deslizando para o fundo. É algo muito semelhante ao que ocorre na caça estática: deténs-te nalgum lugar do bosque e permaneces imóvel até que as coisas começam a viver, começam a aparecer esquilos, pardais e coelhos que estavam aí desde o princípio, mas que mergulham nalgum lugar quando os observamos de perto. Também a meditação é assim”. Como a poesia.

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CAMINHOS DO INTERIOR

 

Festa de Santo Estêvão em Grijó de Parada. Bragança, 26 e 27 de Dezembro. Fotografia do Catálogo «Máscara Ibérica».

Umas breves linhas para dar conta da nossa passagem pela cidade de Bragança, que vale a pena conhecer. Cidade do interior já perto da fronteira, naturalmente pequena na sua dimensão física mas apresentando vários aliciantes que poderão ser invejáveis a outras localidades no país. A paisagem transmontana, só por si, seria suficiente para voltar a sentir uma identidade profunda, onde a intensidade das neblinas e nuvens carregadas tocam a densidade dos cumes, ao longo de largo espaço de campo sem a presença de vida humana. Longe, portanto, das grandes zonas urbanas e seus universos virtuais. No café Princípe Negro pode-se fumar e a amabilidade do atendimento providenciou um almoço que, para vegetarianos, é sempre complicado fora da faixa mais cosmopolita desta nossa nacionalidade. As pessoas do interior não têm uma simpatia estudada, são elas próprias nas suas características mais genuínas o que, aparentemente, poderá trazer algum desconforto que não é senão um reconhecimento de identidade. Um frio de rachar que, de noite, atravessa a roupa e os próprios ossos, mas esta é a melhor estação para viajar. As cores do Outono lembram como o lazer e a melancolia podem estar unidas no sopro que estas terras respiram.

Zadok Ben-David. Peopel I saw but never met 2015/2019 (detalhe da instalação no prospecto do Centro de Arte Contemporânea Graça Morais).

Da seiva silvestre que a pintora Graça Morais catalisa ao devolver o sopro ao olhar dos visitantes do Centro de Arte Contemporânea, com o seu nome, instalado num edifício exemplar; tanto na sua arquitectura, preservação e espaço. Pinturas e desenhos fixando de modo penetrante a alma destes lugares ou as cenografias pintadas para peças teatrais, além do seu trabalho mais recente, Metamorfoses da Humanidade. Tivemos ainda oportunidade de visitar a exposição de Zadok Ben-David, People I saw but never met. Imagine-se pessoas de todo o mundo em esculturas que se formam através de linhas de desenho, «como se os traços se automatizassem da superfície ou tivessem saltado da folha de papel para o espaço arquitectónico.» Ao lado deste museu encontra-se o Centro de Fotografia Georges Dussaud (Brou, França, 1934) que apresenta inúmeras fotografias que este francês captou nesta região que conheceria, por mero acaso, na década de 1980. No ponto mais elevado da cidade encontra-se o castelo, incluindo várias habitações e alojamentos locais além do Museu Ibérico da Máscara e do Traje que remete para os Caretos. Uma sobreposição de tradições pagãs e cristãs celebrando vários eventos desde o Outono até à Páscoa ou, no caso de localidades espanholas, durante o mês de Agosto, no Verão. De Bragança a Zamorra, uma tradição Ibérica, sobretudo no período natalício, dia de Reis e Carnaval.  Última nota para o deslumbrante passeio pedonal que, do castelo, leva a percorrer o Rio Fervença, passando pelo Museu da Ciência antes de voltarmos a entrar na cidade pelo lado das sombras silenciosas e do marulhar das águas, descendo cascatas de pura canção.

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A chancela Quarto de Jade tem uma nova publicação em co-edição com a Mundo Fantasma e o Atelier 3/3. Trata-se de uma brochura de 36 páginas, impressa em risografia no Porto, com encadernação manual, numa tiragem de 93 exemplares numerados. A capa é impressa a azul, a página de rosto a burgundy e o miolo a preto e branco com ilustrações de Diniz Conefrey e texto com a colaboração de Maria João Worm.

Cardos Maduros expõe uma reflexão sem tempo. Uma viagem dentro de viagens, exposta em ilustrações. Momentos vividos entre a experiência pessoal e o universo literário de Juan Rulfo. Ecoando nessa multiplicidade, a constatação de vivências sobrepostas, atravessando a narrativa para se encontrarem numa elegia onde os afectos emergem entre a crueza de histórias perdidas.

Disponível na loja do site: http://www.quartodejade.com/shop_books.php

 

 

 

 

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SOPRO

Ilustração de Maria João Worm, 2011.

Era branco. Sabes quando não se consegue dormir e a luz fica na parede, projectada? Podemos estragar a imagem que se constituiu por anos e anos de ignorância. Sim. É o respiro das palavras. Sabes, ficam assim. Tontas. Assim. Sabes como é. A parecer assim e vai não vai. Assim. Sandálias desatadas. Nunca. Assim mesmo nunca, para nenhum lugar. E vamos fazer delas sapatos de segunda que nunca souberam proteger os pés. Pois claro que não. Pois somos de bom fundo e sabemos ver a subtileza da dor. Não sabíamos nada das cores. Respirávamos nas alcovas do desejo com um amor secreto por tudo aquilo que está para vir, com o mistério e a pureza do mundo que não fora feito pela humanidade. Calaram-se as vozes e ergueu-se o poema. No espanto da solidão caminha-se de mãos dadas. Mãos trémulas, por vozes hesitantes mas que aspiram à finalização da vida que respirada por dentro se transforma. E transforma em quê? A pergunta está deslocada, transforma-se porquê? Porque de súbito renasce a vontade de sentir. Não é aquela luz caduca e fugaz dos espectáculos mas a permanência do verbo que sente e que se altera pela combustão das cicatrizes de tudo o que, por intocável, aspira à libertação do amor.

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AS PLANTAS

 

 

«A Botânica é o estudo apropriado para um solitário ocioso e preguiçoso: um estilete e uma lupa constituem todo o equipamento de que precisa para as observar. Passeia, vagueia livremente de um objecto para outro, analisa cada flor com interesse e curiosidade e, logo que começa a aprender as leis da sua estrutura, saboreia, ao observá-las, um prazer sem esforço, tão intenso como se lhe tivesse custado muito. Há nessa ocupação um encanto que só se sente quando todas as paixões se acalmam, mas que basta para tornar a vida feliz e amena; porém, mal a ele se mistura o interesse ou a vaidade, quer seja para ocupar um lugar quer para fazer livros, mal se queira aprender só para ensinar, mal se começa a colher plantas para se passar a ser autor ou professor, todo esse doce encanto se desvanece, já não se vê nas plantas senão instrumentos das nossas paixões, já não se descobre nenhum prazer verdadeiro no seu estudo, já não se quer saber mas apenas mostrar que se sabe, e está-se nos bosques como se estaria no teatro do mundo, com a única preocupação de se ser admirado; ou então, limitando-nos, quando muito, à Botânica de gabinete e jardim, em vez de observarmos os vegetais na natureza, preocupamo-nos com sistemas e métodos, motivos eternos de discussão, que não dão a conhecer uma só planta a mais e não lançam qualquer luz verdadeira sobre a história natural e o reino vegetal. (…)

 

 

(…) Parece-me que, sob as sombras de uma floresta, sou esquecido, sinto-me livre e tranquilo, como se já não tivesse inimigos ou a folhagem me protegesse dos seus ataques, tal como os afasta da minha lembrança, e imagino, estultamente, que, não pensando neles, eles não pensarão em mim. É uma ilusão doce que a ela me entregaria inteiramente se a minha situação, a minha fraqueza e as minhas necessidades mo permitissem. Quanto mais profunda é a solidão em que vivo, mais necessito que algum objecto venha preencher o seu vazio, e aqueles que a minha imaginação recusa ou que a minha memória repele são substituídos pelas produções espontâneas que a terra, não forçada pelos homens, em toda a parte oferece aos meus olhos. O prazer de ir a um deserto procurar novas plantas ocultas, o prazer de escapar aos meus perseguidores, e quando chego a locais onde não vejo quaisquer vestígios de homens respiro, mais à vontade, como se estivesse num refúgio onde o ódio já não me perseguisse.»

 

Os devaneios do caminhante solitário. Jean-Jacques Rousseau.

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Ilustração de Maria João Worm para a Raia, 2017.

«Estas imagens (século XVIII) destinavam-se a um público pouco letrado e podemos vê-las como um fenómeno parente da banda desenhada onde a imagem «faz passar» o texto; no entanto pode ser que se tratasse de um fenómeno inverso. A imagem não sendo ainda de leitura fácil para esse público que se amparava a um texto. Por outro lado, parece certo que o papel do texto não seria somente o de trazer uma precisão, sendo também uma caução ainda necessária para que a imagem fosse de alguma forma autenticada e aceite.»

L’illustration – Histoire d’un Art. Michel Melot. Skira, 1984.

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